29.9.07

Noites Líricas


São Carlos, sempre São Carlos...

O Real Theatro de São Carlos, inaugurado em 1793, foi mandado construir por um grupo de homens de negócios, de entre os quais se destacava (o meu septAvô) Joaquim Pedro Quintella (1º Barão de Quintella), grande benemérito e empresário teatral.


Com o fim das guerras liberais, São Carlos reabriu depois em Janeiro de 1834, graças à acção mecenática de (seu filho, meu sextAvô) Joaquim Pedro Quintella (2º Barão de Quintella, 1º Conde de Farrobo) que foi Director deste Teatro e Presidente da Academia Filarmónica (1838).
A sua gerência tornou-se principalmente notável pelos artistas célebres que contratou, entre os quais se contavam os de maior renome de então. Era também Cantor, excelente executante de orquestra, e perito em Trompa. Exerceu funções de Inspector-Geral dos teatros e na gestão do monopólio dos tabacos. Sabemos que acendia charutos com notas alumiadas. Morreu falido.

Em meados do século (e até 1865) havia também os inúmeros bailes de máscaras dos Condes de Farrobo, de carácter privado (donde a minha tradicional boemia já vem certamente daí...) e havia os públicos, altamente selectos, como os de São Carlos entre 1884 e 1890.


Mas hoje em 2007, depois do excelente programa a que assistimos de um dos selectos camarotes, seguimos depois para cear no restaurante de referência institucional do Chiado, sito nesse mesmo Largo de São Carlos: "Belcanto".

A conversa tão animada fez-se acompanhar, correctamente, por champagne e terminada por um dos mais aromáticos cafés de balão que bebi nos últimos tempos...

Muito mais tarde, ao sair do restaurante olhei uma vez mais para aquele outro edíficio defronte de São Carlos... onde nasceu um outro parente... que mais tarde viveu e tanto escreveu no bairro onde eu tanto brinquei e cresci (como pessoa).

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O "Teatro Tália" no Palácio Farrobo

O Palácio Farrobo, mais conhecido por palácio das Laranjeiras, está edificado na Quinta com o mesmo nome, onde se instalou, em 1905, o Jardim Zoológico. A par do Palácio que ficou memorável na história elegante dos meados do século XIX, ergue-se, num dos lados do grande pátio quadrilátero, o famoso Teatro Tália, que data de 1820.

Aqui se estreou «Frei Luís de Sousa» de Almeida Garrett e subiram à cena 18 óperas entre 1834 e 1853. Óperas dos mais afamados compositores, tais como os maestros Jordani, António de Coppola e Ângelo Frondoni, que vieram para Lisboa quando o 1º Conde de Farrobo (meu sextAvô) era empresário do Teatro S. Carlos. Do último, que foi professor no Conservatório, chegou até nós o hino da «Maria da Fonte», que várias contrariedades lhe causou.

Rudimentar na sua primeira fase, o Teatro foi reedificado e iluminado a gás em 1842, o que constituiu uma grande inovação para a época e na capital.

A morte da rainha D.Maria II, que frequentava com regularidade a casa do Conde, veio interromper, por algum tempo, a vida social e artística do Palácio.

Em 1856 ainda foi reaberto o Teatro, com ópera italiana e comédias em português e francês. No entanto, a 9 de Setembro de 1862, um incêndio casual, motivado por descuido de uns operários, consumiu totalmente este pequeno templo de arte. A sua reconstrução já não se fez, pois a fortuna do Conde de Farrobo começava a dissipar-se.



O "Teatro Tália" (Teatro das Laranjeiras) é um edifício classificado de interesse público desde 1974 (Dec nº 735/74 DG 297 dd 21/12/1974)

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Largo e Palácio do Barão de Quintella

O Largo Barão de Quintella era um espaço residual da cidade, uma zona aberta que funcionou, muito provavelmente, para a manobra de carruagens que se dirigiam ao Palácio do Barão de Quintella e Conde de Farrobo, situado mesmo em frente (Rua do Alecrim, n.º 57 a 72 ).

O Palácio, edificado pela família dos barões com o mesmo nome (com ligações ao monopólio do tabaco e à presidência da Junta de Comércio) é um exemplo da instalação da nova classe social emergente: a burguesia próxima de Pombal e que «dá o exemplo à nova cidade».

O Palácio Quintella foi mandado edificar por Luís Rebelo Quintella sobre as casas arruinadas pelo Terramoto que pertenceram aos Condes do Vimioso e Marqueses de Valença. Herdado pelo sobrinho Joaquim Pedro Quintella, 1º Barão de Quintella (meu septAvô), este ampliou o Palácio, conferindo-lhe a grandeza que apresenta.


Foi neste Palácio que se instalou Junot em 1807/1808, durante as Invasões Francesas. E é também aqui que se crê ter sido assinada a "Convenção de Sintra" durante a Guerra Peninsular.

Ao 1.º Barão, sucede seu filho (meu sextAvô), também ele de nome Joaquim Pedro Quintella, 2º. Barão de Quintella e 1.º Conde de Farrobo, que procedeu a vários e importantes melhoramentos no Palácio. Após a falência do Conde de Farrobo, é adquirido por Mendes Monteiro, e, posteriormente, herdado por António Carvalho Monteiro, o construtor da Quinta da Regaleira, em Sintra. Actualmente, funciona neste espaço o IADE, Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing.

A produção do monumento a Eça de Queiroz, no Largo do Barão de Quintella, coube a António Teixeira Lopes (1866-1942) e foi inaugurado em 1903. Concebida de acordo com os modelos do romantismo, apresenta a figura do escritor, acompanhado por uma representação alegórica da "verdade", através duma figura feminina. Explicitando a intenção temática, a legenda inscrita refere-se à actividade literária do escritor e ao seu modo de expressão: "sobre a nudez da Verdade o manto diáfano da Fantasia".

O Largo, cujo arranjo data do século XIX, mostra que nunca foi bem resolvido o declive em que se situa. Ainda hoje, os bancos que se encontram na parte exterior da zona ajardinada «são um tanto marginais» para quem gostaria de usufruir do local de um modo mais agradável. Ao mesmo tempo, o Largo evoca os grandes desnivelamentos que foi preciso vencer para planear a cidade pós-terramoto.

Situados no Chiado, «que é um reflexo da vida que começa a esboçar-se em meados do século XVIII»: cafés, lojas, teatros, jornais, uma ópera (o actual Teatro Nacional de São Carlos) e restaurantes constituem o coração da vida social da cidade.

Fontes:
http://www.oasrs.org/
http://inlisboa.com/
http://revelarlx.cm-lisboa.pt/

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11.9.07

Minha Felicidade é...


Celebrar o seu 70.º aniversário num dos locais eleitos, presenteando-o com a homenagem de tantas amizades (e respeito) que sempre conquistou entre tantos. Voltarmos depois juntos para casa, guardar carinhosamente as oferendas e revermos em família e emocionados as filmagens do dia e de outrora. Sentar-me na beira de sua cama a conversar até tarde, beijar sua testa de boas noites, acariciar seu cabelo já branco de tão loiro que fôra e ver aqueles seus olhos azuis renderem-se enfim a um belo soninho...

6.9.07

MILLE GRAZIE PAVAROTTI

Nessun Dorma
(Puccini)

Ave Maria

(Schubert)


O Sole Mio

(Di Cápua - Capurro)

LUCIANO PAVAROTTI (1935-2007) R.I.P.

5.9.07

(bis)

lucidez frontal quanto baste

"Os diplomatas têm de representar no exterior a política do Estado e acabamos por nos aproximar de uma afirmação política no sentido mais nobre do termo, que é o da defesa do interesse nacional."
[...]
"Alguns políticos têm vocação para a acção diplomática, mas a política não é a melhor escola para a diplomacia."
[...]
"Infelizmente, há muito tempo, não há no MNE uma cultura organizacional que traduza uma forma disciplinada de funcionamento dos diplomatas portugueses. [...] Vivemos uma excessiva liberdade no modo como o diplomata português interpreta a afirmação da política externa portuguesa. O que permite alguma criatividade menos consentânea com o que o rigor imporia."
[...]
"Há um problema estratégico sobre a língua portuguesa no mundo que temos de discutir. Temos de perder o sentido patrimonialista da língua. Se o português tem futuro esse futuro está no modo maioritário como ela é falada. E esse é o modo brasileiro de falar português. [...] Devemos olhar para o português como elemento de natureza estratégica no plano internacional. Brasil e Portugal têm de o encarar como elemento constitutivo da sua afirmação de poder no mundo."
[...]

Francisco Seixas da Costa
Embaixador de Portugal no Brasil
Entrevista ao Diário Económico

1.9.07

musical revelation of the year


L'Orchestra di Piazza Vittorio
16 Musicians from Algeria, Argentina, Brazil, Cuba, Equador, Hungary, Italy, Mali, Senegal, Tunisia and USA

(turn up the volume)
Ena Andi
Vagabundo Soy


Special Concerts @ CCB (Lisbon)
Free Under The Stars
(repete dia 1 Set. @ 21:30)