16.4.08

o abraço cósmico

Frequentavamos os cafés preferidos de ambos.
Reparavamos SEMPRE um no outro.
Cruzavamos o olhar mas mantinhamos um respeitoso silêncio.
R e c o n h e c í a m o-nos.
Passámos alguns meses nisto. No último dia do ano Outrém esperava por mim num desses cafés. Agendaramos um duelo mas marcaramos encontro prévio pois iríamos juntos até ao destino... Chego atrazada e irritada por o ter feito esperar. Entro apressada no café e não tenho tempo para pensar mais no assunto: estavam os dois sentados à mesa a conversar: Outrém e o Outro.

Fui direita ao balcão para me restabelecer da surpresa. Não queria acreditar na coincidência de já se conhecerem...
Reflecti um pouco mas logo cheguei à conclusão que nesta cidade "tão pequenina" ESTES dois seres só podiam (já) ter-se cruzado! Trilhos semelhantes em terras de opções limitadas certamente facilitava encontros afins.

Respirei fundo e dirigi-me enfim para a mesa onde Outrém (pasmado por me ver ao balcão) ainda me esperava. Beijei-o saudosa e tão feliz por nos voltarmos a ver. Furioso pela espera, desejoso de partir. Pedi-lhe desculpa pelo atrazo e acedeu a esperar um pouco mais para que eu pudesse tomar um café (para a viagem). Bem Haja!
Apresentou-me o Outro. Nem ouvi o seu nome.
Eu e o Outro ambos sabíamos que este era o momento em que a apresentação se formalizara. Mal trocámos palavra. Outrém falou pelos três e continuaram depois a falar os dois. Ouvi atentamente o diálogo entre estes dois seres, lembrando ainda a tamanha coincidência. Já quase no final interrompi-os corrigindo-lhes algo verbalizado e em prol do que acredito ser mais exacto. Olhos nos olhos, o Outro e eu comunicavamos enfim!

Partimos. Outrém e eu.
Mas o Outro estava ainda presente em (meu) pensamento. Falamos sobre isso durante a viagem e chegados ao destino o Outro insistia em caminhar entre mim e Outrém. Tirei-o do (meu) pensamento. Estava a mais entre mim e Outrém.

Passados uns meses e no seguimento de outras coincidências, reencontramo-nos. No café do costume. Já chorara então o que tivera de chorar por Outrém (agora a maior das decepções kármicas) e reencontrar o Outro, que Outrém me apresentara, Simply Made My Day. Soube mais tarde que fôra mútuo. Não nos separámos mais. Seria impossível (?). Somos da mesma Têmpora! (disse-mo pela noite dentro)(em voz velada)(e as lágrimas caíram-me).
Profunda Empatia: Amantes Impossíveis. E entre um Jardim de Inverno e um Portal Abrasonado, selámos a nossa fraternidade com um esplendoroso Abraço Cósmico.