11.4.08

Mein Berliner

Era, e ainda demonstra ser, um homem que pensa (e diz) coisas muito inteligentes.

Tinhamos uma relação meramente intelectual, at an higher mental plane, onde se pode viver em felicidade contemplativa.
E era esse seu mundo mental (e não espiritual, físico ou emocional) que me fascinara, me desafiava (cerebralmente), e me despertava (infantilmente) a curiosidade.
A ponto de durante aqueles anos nunca questionar porquê que estavamos juntos. Se algum dia (me) tivesse de facto questionado, teria tudo acabado nesse mesmo instante (julgo).
Consequentemente, vivemos esse relacionamento mental, na maior das indiferenças pelos mecanismos da vida prática. Até que um dia a relação foi testada a esse nível, e foi quando percebi que afinal nada funcionava ou nos poderia manter unidos sequer.

Nunca lamentei essa relação, nem alguma vez a classifiquei como "tempo perdido". Até porque ainda hoje, sempre que perante esse seu mundo mental, resta-me sempre calar, e ouvir. E algo me diz que assim sempre será. E que nunca me deixará de impressionar. Intelectualmente.

Não o amei (sempre o soubera), mas acreditei que o que havia entre nós bastaria. A vida demonstrou-me na prática que assim nunca teria sido possível. Pelo que hoje acredito muito que deverá valer a pena... "isso do amor"...

Desejo-Lhe toda a Boa Sorte (que precisa e merece).
Para mim ficou gravado como uma memória "a preto e branco" do poder da palavra expressa.
Em puro "Wim Wenders Berliner style".


Londres, 29 de Julho de 2005