20.3.08

O Professor de Hatha Yoga


Vigília. Local propício (!?) Procurava os meus conhecidos e Amigos por entre a multidão e sempre deparava com a sua cara. Mirando-me. E reprovando quem me ofereceu uma flôr - pela Paz no Mundo. Troquei outros olhares. Fiquei horas na companhia de quem bem me apeteceu. E teve graça saber que agora também estamos juntas no albúm de recuerdos fotográficos da RPC. Rimos ora bem! Depositamos as velas e parti com marcação agendada para outro lugar. Conversava satisfeita na paragem de autocarro quando eis que aquela cara (agora com corpo inteiro) também ali estava, todo sorridente. Conversamos todos juntos. Era de Mafra. No Brasil, explicou. Também famoso por um Mosteiro e pelo pão. Pensei que gracejava mas não. É mesmo verdade! Fomos todos a conversar no mesmo autocarro, e dei por mim a reparar que ele resolvera ir até ao mesmíssimo local para onde eu me dirigia! Fiquei siderada. Valeu-me o piscar d'olho da minha Amiga para não lhe responder à letra... Saímos então juntos. Apresentou-se-me logo, e foi todo o caminho a falar de tudo o que faz e o que ainda quer fazer. Ouvia-o aprovando todo esse dinamismo e vontade de mais querer saber sobre tudo o mais que (também e ainda) considero importante. Chegamos ao (meu) destino e parecia que já o conhecia há séculos! Apresentei-o aos presentes e sentou-se na minha mesa. Guardou os meus pertences e acompanhou-me num chá. Sentados lado a lado durante toda a magnífica exposição pessoana, seguida de jograis poéticos, houve ainda tempo para debate. Colocou a primeira pergunta e a profundidade certeira com que abordou o(s) tema(s) deixou todos os presentes perplexos. Eu inc. Olhei-o enfim mais atentamente. Parecia ter a mesma idade com que eu partira. Perguntei-me como era possível que soubesse já tantas coisas...? Surpreendeu-me mesmo. E percebeu. Teria feito de propósito, para me impressionar? Mas COMO podia saber tanto do que revelava? Fiquei assim, surpreendida e silenciosa. Quando terminou o seu douto discurso repousou um pouco, ainda sentado na cadeira e olhando-me agora de frente - sem pejo. Sorriu-me e segurou-me na mão, fechou os olhos e respirou fundo. Longa pausa. Quando voltou a abrir os olhos, sorriu-me de novo. Calmamente, tirou um cartão da sua carteira, entregou-mo e disse-me: "Sabe... também dou aulas de Hatha Yoga: Quero ser seu Professor (!) e gostaria de poder continuar a falar muito consigo". Li o seu cartão com todos os contactos do Centro. Olhei-o nos olhos mas não lhe respondi. Aposto que neles soube ler o que trago recentemente inscrito: Is This A Curse? (ou foste enviado para me [tentares] destabilizar...?)