literalmente

ALTERAÇÃO. Aparecimento breve, no campo do amor, de uma contra-imagem do objecto amado. Devido a ínfimos incidentes ou a leves traços, o sujeito vê a boa imagem subitamente alterar-se e transformar-se.

CIÚME. Sentimento que nasce do amor e que é produzido pelo receio de que a pessoa amada prefira o outro.

CONTINGÊNCIAS. Pequenos acontecimentos, incidentes, inquietações, ninharias, mesquinhices, futilidades, hábitos da existência apaixonada; todo o núcleo factual de uma retumbância que acaba por manchar a visão de felicidade do sujeito apaixonado, como se o acaso fizesse intriga contra ele.

ENCONTRO. A figura refere-se aos momentos felizes que imediatamente se seguiram ao primeiro encantamento, antes de nascerem as dificuldades da relação de amor.

EXÍLIO. Decidindo renunciar ao estado de amor, o sujeito vê-se com tristeza exilado do seu Imaginário.

IDENTIFICAÇÃO. O sujeito identifica-se dolorosamente com qualquer pessoa (ou personagem) que ocupe na estrutura do amor a mesma posição que ele.

IMAGEM. No campo do amor, as mais vivas feridas provêm mais daquilo que se vê do que aquilo que se sabe.

IMPORTUNO. Sentimento de leve ciúme que experimenta o sujeito apaixonado quando vê o interesse do ser amado captado e desviado por pessoas, objectos ou ocupações que agem a seus olhos como outros tantos rivais secundários.

INSUPORTÁVEL. O sentimento de uma acumulação de sofrimentos de amor explode neste grito: "Isto não pode continuar".

MUTISMO. O sujeito apaixonado angustia-se quando o objecto amado responde perniciosamente, ou não responde, às palavras (discurso ou cartas) que ele lhe dirige.

PLENITUDE. O sujeito quer, obstinadamente, o voto e a possibilidade de uma satisfação plena não só do desejo implicado na relação de amor mas também de um sucesso sem falha e como que eterno dessa relação: imagem paradísiaca do Soberano Bem, a dar e a receber.

SAUDOSO. Imaginando-se morto, o sujeito apaixonado vê continuar a vida do ser amado como se nada tivesse acontecido.

SIGNOS. Querendo provar o seu amor ou esforçando-se por decifrar se o outro o ama, o sujeito apaixonado não tem ao seu dispor qualquer sistema de signos certos.