11.12.07

há sempre um anjinho algures


Hoje refugiei-me aqui. Arrastei-me até aqui pois este é um dos meus locais eleitos e precisava mesmo de terminar um relatório. Ainda Sol, para meu espanto em Dezembro. Uma temperatura convidativa ao lazer mas não impeditiva ao labor minucioso. Corrigi N gráficos mas o meu olhar perdia-se também pela linha do horizonte a pensar "naqueloutro triste episódio"...

Notei que me observava discretamente... Perguntou-me se queria tomar mais alguma coisa. Pedi-lhe outro café mas retorqui de imediato que esquecesse. O que eu mais queria era deitar-me ao Sol, confessei-lhe "apologéticamente". Cortei ali a conversa e concentrei-me de novo no mundo laboral à escala do écrãn laptopiano. Percebeu que eu não estava bem...

Precisava de fazer mais uma chamada internacional mas o crédito do meu telemóvel já não permitia. Tentei fazer um top-up via the net. wireless, slow downloading... para enfim ler "Estimado Cliente, lamentamos mas de momento não nos será possível aceder à sua conta. Tentaremos ser breves. Por favor tente mais tarde". Fª*@!* boringly typical. Pensei: SKYPE, good old SKYPE! Mas busy number... Desisti.

Reparei então que tinha agora posto uma única cadeira para "banhos-de-Sol" na esplanada. Tentei disfarçar, mas apressei a fechar tudo para ir-me deitar ao comprido na extensa cadeira. Disfarçou que não tinha reparado na minha reacção instintiva.

Olhei demoradamente o rio promiscuindo-se pelo mar a dentro. Fechei os olhos. Adormeci de imediato (julgo). Acordei ao sentir a minha "cama de rodas" a ser empurrada para um outro ângulo: pôr-do-Sol. Sorri-lhe descansada, mais grata ainda quando avistei a mesinha que me esperava com um mazagrin (que eu não pedira). Perante o meu espanto esclareceu: "era o que sempre pedia quando aqui vinha no Verão, lembra-se?". Silenciei o seu gesto, e educadamente afastou-se.

Mais tarde pedi-lhe um cigarro. Trouxe-me uma cigarrilha e um whisky para si. Pediu-me licença para se sentar um pouco. Sentou-se numa cadeira confortável e falámos de viagens que cada um já fez ou imagina ainda vir a fazer. Acabou a bebida e disse-me: "adorei viajar consigo - espero que goste da música de fundo que vou agora pôr no bar". Adorei tudo o que selecionou; lamentei nada reconhecer...

À saída paguei a despesa e agradeci a amabilidade confortante. Perguntei-lhe também pela autoria de tudo o que ouvira musicalmente. Respondeu informativamente, faixa a faixa. "Tudo genuínamente português" (acrescentou com um sorriso de gozo).