29.11.07

retalhos da minha vivência em Lisboa


"Deitar cedo e cedo erguer..." mas eu deito-me tardíssimo. E ainda assim levanto-me cedo. Não encontro razão para me deixar ficar a dormir nesta cidade. Tomo o pequeno-almoço num dos meus cafés preferidos do bairro; converso animadamente logo pela manhã. Reconheço N caras da minha infância e adolescência. Cumprimentam-me. Reitero com um sorriso franco. Atravesso o jardim olhando as árvores, os patos no lago e os pirralhos que seguem para a escola. Que irão aprender...? Sigo a passos largos, como desde sempre. Páro para decidir qual o trajecto mais apetecível até ao destino agendado... Apanho o eléctrico, bien sûr.
Sorte de um lugar sentado! Abro logo a janela. Os outros passageiros entreolham-se reprovadamente: é Novembro. Ponho a cabeça de fora e o Sol chapa-se na minha cara: estão enganados seus friorentos - está um Sol magnífico! (penso). O eléctrico desce ao Largo da Estrela, sobe à Lapa, desce a Santos e leva-me até aos Paços do Concelho onde irei ter uma reunião camarária. Desço nessa paragem. Quedo-me "na manhã desta Praça" a observar tudo. Embelezadamente...
Entro na Câmara pela porta da frente. Esplenderoso átrio principal. Ao final da manhã vou também até à Sala de Arquivo. Assisto ainda a uma excelente palestra. Cruzo-me com olhares públicos, evito acusar recepção. Quero estar em silêncio: não me macem com cortesias da praxe! A saber: o candeeiro é o que mais me prende a atenção.

E assim também fôra ontem de manhã: estive resguardada na Sociedade de Geografia de Lisboa, a ouvir e a "aprender coisas de interesse histórico".Durante a "pausa para café" (na sala de refeições/bar/lobby repleta de tradição) aproveitei para sómente interiorizar o momento. Afastei-me dos demais participantes, recatando-me num dos confortáveis sofás. Saboreava um bom café, à meia-luz naquela sala secular. Observava de longe aquele selecto "agregado social". Lembro ouvir ainda à distância esses mesmos Historiadores, Diplomatas, Professores Jubilados e outros doutos saberes... mas fui-me desligando de tudo isso: prendeu-me a atenção não as revistas ou jornais, mas um livro sobre a Índia. Comecei a folhear e num ápice não estava mais ali. Acendi o candeeiro da mesinha à minha beira, para maior iluminação. Li deliciadamente. Lembrei aqueloutro livro também sobre a Índia que folheei hà uns dias com aqueloutra pessoa. Continuei a ler confortadamente até retomarem o cumprimento do programa.

Sala Portugal
Sociedade de Geografia de Lisboa